
A Rua da Praia é o primeiro passo para reintegrar o rio à comunidade leopoldense. Nilson Winter/Prefeitura de São Leopoldo
As equipes da Prefeitura estão aproveitando o tempo firme para acelerar o calçamento dos 580 metros da Rua da Praia, situada à beira do Rio dos Sinos. Mais de 50% do trabalho foi executado. Toda a estrutura de vigas e suportes está pronta. De acordo com o engenheiro civil Maidard Finardi Vieira, da Secretaria de Meio Ambiente (Semmam), trata-se de uma obra diferenciada por conta da localização. “Temos que prever cheias, alagamentos, correnteza. Para isso construímos uma base firme para a sustentação da rua”, ressalta.
A Rua da Praia é o primeiro passo para reintegrar o rio à
comunidade leopoldense. “O objetivo maior é que a população de São Leopoldo
tenha um espaço de lazer próximo das águas. Somente assim vamos ter resultado
nas ações da Semmam”, destaca a secretária do Meio Ambiente, Viviane Diogo. A
titular da Semmam reforça que as águas têm uma função que vai além do
abastecimento. “A rua será um acesso para a Educação Ambiental. O Rio dos Sinos
deve ser pensado de uma forma abrangente, como espaço de vegetação, de vida, de
preservação”.
Todo planejamento leva em conta o fato de ser uma área
alagadiça. Por isso, a Rua da Praia será levemente inclinada para o lado do
rio. De acordo com o engenheiro Nilson Karam, do Departamento de Fiscalização
de Obras da Semov, a medida facilita o escoamento da água e torna a parte
elevada transitável por mais tempo nos períodos de cheia.
Após a drenagem pluvial da rua, foi iniciada a pavimentação
com piso intertravado, considerado mais sustentável no ponto de vista ecológico
e econômico. “A rua precisa ser funcional. Por isso será toda plana, com o
meio-fio no mesmo nivelamento da pista. Isso permite uma mobilidade mais segura
mesmo coberta por lâmina de água.
O projeto prevê num primeiro momento ciclofaixa e passeio
público. Na sequência, a possibilidade de um parque linear com equipamentos de
ginástica, playground e praça. A iniciativa está orçada em R$ 830 mil, sendo R$
700 mil do Ministério das Cidades, mais a contrapartida da Prefeitura de R$ 130
mil.
Segundo Maidard, a topografia da área precisou ser refeita
para evitar que algumas árvores saudáveis fossem removidas. “Assim, vamos
conseguir preservar as árvores ao longo do rio e vamos remover apenas as que
forem necessárias do outro lado da rua”, explicou. Por causa desta nova
topografia, houve uma mudança no projeto. A ciclofaixa que teria 580 metros de
extensão, ocupando toda a Rua da Praia, ocupará agora 380 metros, não chegando
até o final da via. “Sem a retirada das árvores, o final da rua foi ficando
estreito e por isso seria inviável ter a ciclofaixa e o passeio público junto.”
A remarcação da rua contou com a colaboração de moradores,
que cederam parte dos seus terrenos para aumentar a área do passeio. Dessa
forma foi possível preservar a vegetação.
Recuperação socioambiental
A intenção de revitalizar a Rua da Praia é de fazer com que
o local não só seja valorizado historicamente como também seja usado como ponto
de ecoturismo e para educação ambiental. Além disso, existe a preocupação de
transformar e recuperar socioambientalmente. O cidadão terá um contato maior
com o rio, com o ambiente que o envolve e também terá mais um espaço de lazer
na cidade para poder usufruir com a família e amigos.
Um pouco da história
Toda a história da cidade passa pelo Rio dos Sinos. Em 1824,
com a chegada dos primeiros imigrantes alemães no Vale, ocorreu a demarcação
dos lotes coloniais. A medição, nesse período, trouxe uma série de conflitos,
visto que a região já apresentava ocupações anteriores, datadas do século 18. A
Capela Curada de Nossa Senhora da Conceição da Colônia de São Leopoldo foi
elevada à Vila em 1846, passando a contar com uma Câmara de Vereadores,
responsável pela administração do povoado.
O rápido crescimento e desenvolvimento da região
possibilitaram, 18 anos depois, o seu reconhecimento como cidade. A ocupação e
as intervenções exigidas pela expansão e crescimento da população foram
deixando suas marcas e constituindo a cidade. A Ponte 25 de Julho, por exemplo,
que liga o sítio histórico da cidade à margem esquerda do Rio dos Sinos, datada
de 1875-76, foi uma das portas da cidade, dinamizando as trocas e as
comunicações indispensáveis ao crescimento social e econômico da região. É
também considerado importante o fato de situar-se na área a residência onde
habitou Henrique Luiz Roessler, pioneiro na luta pela defesa e proteção do
ambiente natural do Rio Grande do Sul.
Texto: Assessoria de Imprensa/São Leopoldo